19.2.08

Um filão de riqueza incomparável

"(...) E pela primeira vez, como pesquisador, procurei a Hemeroteca Paschoal Artese, da nossa Faculdade: uma sala-relíquia, onde a memória municipal está protegida, escondida entre jornais e revistas. Nunca, em toda a minha vida, me senti mais feliz e absorvido. Na primeira semana, ali me esqueci, por mais de vinte horas, embrenhado nas letras de páginas semi-esfaceladas de "O Rio Pardo", jornal fundado em 12 de fevereiro de 1899, uma coleção rara e incompleta. Mil vezes, naquele santuário, em pensamento, agradeci a professora-historiadora Amélia Trevisan que, num esforço inimaginável, conseguiu amealhar o mais importante acervo de São José do Rio Pardo: seus jornais e revistas que compõem história. Ali encontrei o que procurava: um filão de riqueza incomparável, um tesouro... Ali está o passado incompleto, mas de fácil complementação. Ali estão nomes, fatos, atos, boatos e verdades (...) E vivo horas entre ressuscitados: dr. Aquino, dr. Euclides da Cunha, F. Escobar, dr. Bráulio Menezes, dr. José Rodolpho Nunes, dr. Cândido Rodrigues, dr. Álvaro de O. Ribeiro, José Theodoro, Leonardo Jula, dr. Cobra Olyntho, Ananias Barbosa, padre José de Ancassuerd... Vejo construções, ouço discussões, adentro locais: ponte metálica, ruas, luz elétrica, água e esgoto, cadeia, estação, Sociedade Italiana, Club dos Lavradores, igrejas, maçonaria, cemitério, impostos sobre café, impostos prediais, Club Socialista... Participo de festas, espetáculos, curiosidades... Procuro propagandas. Ouço bandas... (...)"

Extraído de "Vivendo 1899, um outro século", de Rodolpho José Del Guerra, 28 de junho de 1978.

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