3.12.08

A ponte, o engenheiro francês e a luz elétrica

(...) Em 1896 ocorreram realizações marcantes para a vida da cidade. Foi o ano do início da construção da ponte sobre o rio Pardo. Essa reivindicação antiga dos fazendeiros de café era indispensável para a ligação das fazendas com a Estrada de Ferro, transportando o café até o porto de Santos.
A ponte, além dos benefícios econômicos esperados, trouxe o engenheiro-escritor Euclides da Cunha. Com ele, veio a parte da sua obra-prima ‘Os Sertões’, aqui terminada e que tantos benefícios culturais proporcionou à cidade, projetando-a através das comemorações euclidianas.
A ponte trouxe também um engenheiro-empreendedor, Arthur Pio Deschamps de Montmorency. Menos ligado às atividades literárias e à problemática política nacional, interessava-se pelas aplicações práticas da ciência e da técnica que, naquele final de século, deslumbravam o mundo, indicando que possibilidades nunca antes imaginadas estavam se abrindo para o progresso da humanidade. Sua capacidade profissional e sensibilidade empresarial conseguiu arregimentar vinte e um sócios, que com ele fundaram o Sindicato da Luz Elétrica de São José do Rio Pardo. O grande desafio foi construir uma usina elétrica e proporcionar aos moradores da pequena e provinciana Vila os benefícios da eletricidade.
Foi um empreendimento pioneiro, arrojado e arriscado. Poucos tiveram fôlego para aguardar o seu triunfo, que seria lento e sempre duvidoso. Aos poucos, a sociedade foi se desfazendo, especialmente depois que o engenheiro Montmorency deixou a sociedade, motivado talvez pelo desabamento da ponte metálica, cuja construção estivera sob a sua responsabilidade. Os que acreditaram e permaneceram à frente do empreendimento, venceram. Depois de um século de atividades no ramo de energia elétrica e mudanças na sua razão social, o Sindicato da Luz Elétrica continua vivo no coração e na memória da Companhia Paulista de Energia Elétrica, a sua continuadora, compondo uma "página imortal da nossa história".


Trecho do pronunciamento feito pela professora Cármen Cecília Trovatto Maschietto no Altar da Pátria, em 19 de março de 1996.

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