4.11.08

O primeiro campo santo

Na área onde hoje se encontram os prédios da Prefeitura, Câmara e Fórum existiu o primitivo cemitério de São José do Rio Pardo. O primeiro sepultamento aconteceu em 1870 e o último em 1895, quando foi fechado. A cidade havia crescido muito depressa, deixando o campo santo mal localizado. Famílias foram notificadas para retirar os ossos e sepultá-los no novo cemitério, no alto da cidade. O cemitério velho, depois disso ficou abandonado, apresentando um triste aspecto com animais soltos, pastando entre sepulturas derruídas. Em 1913, o prefeito João Baptista de Souza Moreira decidiu construir no lugar um jardim, contando com a colaboração do empreiteiro Paschoal Artese, que transformou o local no belo Jardim Artístico. Durante mais de 40 anos Artese lutou pelo logradouro que sofreu toda a sorte de hostilidades, inclusive o corte de água para suas plantas e fonte, até sua completa destruição, no final dos anos 1950, para a construção dos prédios dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

O CEMITÉRIO ANTES DA CAPELA

Pelo ano de 1865, já constituído o Patrimônio da Capela de São José do Rio Pardo com a doação de terras, demarcaram-se os locais para a edificação do templo e do cemitério, este em ponto mais alto e afastado.
Foi Antônio Marçal Nogueira de Barros, vereador da Câmara Municipal de Caconde e diretor das obras da capela de São José que requereu, em 1868, licença para fundar um cemitério em São José do Rio Pardo. (documento ao lado).
Atendendo a essa petição, o Vigário Capitular passou, em dezembro do mesmo ano, provisão para ereção e benção do referido cemitério, desde que convenienteemente cercado e decente. A bênção foi realizada pelo vigário do Espírito Santo do Rio do Peixe, padre Vicente de Maio.
O novo cemitério, cercado de muros feitos com 300 metros cúbicos de pedras, foi construído por subscrição pública sob a direção de uma comissão de cidadãos.
Assim, bem antes de estar terrminada a construção da Capela, o bairro de São José já estava dotado de cemitério público. Do livro de óbitos da Freguesia do Espírito Santo do Rio do Peixe consta o registro do sepultamento, em agosto de 1870, no cemitério de São José, de Pedro Dutra, morto por um tiro. Os livros de registro de batizados, casamentos e óbitos foram instituídos pelo capelão-cura João da Fonseca e MeIo depois que a Capela foi declarada curada e independente, em 30 de outubro de 1875.
O primeiro livro de óbitos inicia-se em 17 de julho de 1876 com o registro do falecimento de Carolina, 16 anos, escrava de Custódio José de Andrade, sepultada no cemitério geral. Seguem-se os registros de óbitos de pessoas livres, de libertos, escravos e ingênuos — a morte igualando ricos e pobres, escravos e senhores.
Desses registros constavam também as doenças que motivaram os falecimentos: sarampo, lombrigas, dentição, coqueluche, parto, suspensão, pneumonia, inflamação, bronquite, congestão, ataque, paralisia, doença secreta, tísica, quebradura, hidropsia, gastrite, tétano, ruptura, queimadura, tifo, câncer, comer terra, beribéri, gota, lesão do coração, velhice, etc., sendo alta a taxa de mortaliidade infantil.
Para o sepultamento os corpos eram envoltos em túnicas ou mortalhas brancas ou pretas.
A necrópole projetada para o tempo em que havia "para mais de cem casas", assistiu a construção da Capela e sua benção (1873), a primeira missa (1873), a posse do capelão-cura (1875), a criação da Freguesia (1880), a elevação à Vila (1886) e a elevação à cidade (1891).

(Dados extraídos do artigo "Campo Santo", da historiadora Amélia Franzolin Trevisan, DEMOCRATA, 5 de abril de 1997)

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