"Quando a Prefeitura lançou mão do asphaltamento do jardim Público, que é incontestavelmente um pitoresco logradouro, ella alcançou apoio de todos que viram com bons olhos o esforço do coronel José Soares em levar a effeito obra de tão bom realce dentro do nosso perímetro.
Mas, o repórter que procura assumptos para encher columnas dos jornaes, deixou para dar mais tarde a sua opinião acerca daquelle esforço do snr. Prefeito, certo de ter aquelle serviço um final digno do seu começo.
Honra seja feita.
Apesar do coronel José Soares não ser reeleito para o elevado cargo que vem occupando com optimo desempenho, elle merece que lhe seja distinguido louvor, não só pelo que fez, como pelo muito que haveria de fazer se lá continuasse. Enfim, não sabemos ainda como as cousas vão ficar.
O certo é que nada deixou a desejar o asphaltamento do jardim, que veio provar o ardoroso emprehendimento do snr. Prefeito. Tudo ficou bem: o asphalto, os desenhos, aquella estrella colosso ali na entrada defronte a matriz, tudo. Tudo é um facto.
Tem, porém, duas cousas que enfeiam aquelle embellezamento da praça que lhe deram uns ares assim, de pavão.
Faltou a escada em volta do jardim e o coreto. Isto é, não sei se aquelle coreto roto e em ruínas é tido como relíquia do tempo do paiz colônia... Se é, paciência...
Que elle está feio, está. Não digam que não.
Qualquer noite de retreta, teremos que acudir o maestro Henrique entalado no taboado solto do lastro.
O baixeiro? Esse se salvará. Do que vale então aquella campanha que se parece com chaminé de encouraçado?
Qualquer noite os músicos irão precisar de guarda-chuva lá dentro.
Os balaustres? É um desastre.
Missão triste a do repórter. Reparar, observar e ser ponderado. Mas cumpre-se um dever.
Estava certo que após o asphaltamento viria então um coreto em ordem e digno do serviço ali feito, mas qual!
Depois dirão: o repórter é falador.
Temos a certeza de que, deante do exposto acima, a illustre Câmara Municipal tomará uma providência que virá sanar esse grande mal, para evitar as más línguas.
A construção de um novo coreto será melhor que esse espantalho de madeira que lá está, seguramente, há uns bons trinta anos."
Rio Pardo Jornal, 17 de maio de 1936
10.3.08
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