
Trem de passageiros tracionado pela locomotiva 762, tipo Mikado, fabricada pela Baldwin Locomotive Works em 1945, uma das mais possantes da CM. Foto tirada em Mogi-Guaçu.
De todas as companhias que se constituíram em São Paulo na segunda fase do desenvolvimento ferroviário, foi a Mogiana a que construiu maior extensão de linhas férreas no território do Estado, além de outras que empreendeu e executou em Minas, como prolongamento da rede paulista.
Tornou-se, assim, a Mogiana a estrada dos pequenos ramais, que o simples exame de sua linha tronco nos faz perceber. Logo no início, apenas a 32 quilômetros de Campinas, da estação de Jaguari (atualmente Jaguariúna) saem os ramais de Amparo, Socorro e Serra Negra. De Mogi-Mirim sai o ramal de Itapira, prolongado depois até Eleutério, na divisa de Minas, onde vai articular-se com uma ferrovia mineira. Menos de dez quilômetros depois de Mogi-Guaçu, sai o ramal de Espírito Santo do Pinhal, que não teve prolongamento, fazendo dessa cidade ponta de trilhos, embora tão próxima da linha tronco. De Cascavel (atualmente Aguaí) sai o ramal de Poços de Caldas. Pouco mais de vinte quilômetros adiante, na Estação Lagoa Branca, deita a Mogiana o ramal de Vargem Grande do Sul. Quarenta quilômetros além da estação de Casa Branca sai o ramal de Mococa e Canoas, o qual, através de sub-ramais, vai penetrar em território mineiro, alcançando Guaxupé. Em Baldeação articula-se com o ramal de Piraçununga, da Paulista. Em Santos Dumont tem início o ramal de Cajuru. Em São Simão (pouco mais de vinte quilômetros adiante), inicia-se o ramal de Jataí. De Cravinhos partem os ramais de Arantes e Serrana. De Ribeirão Preto, sai o ramal de Sertãozinho, e, pouco depois de Ribeirão Preto, bifurca-se a linha, uma seguindo por Franca e outra por Igarapava, reunindo-se as duas em Uberaba.
Julgamos necessária essa cansativa enumeração para mostrar como, aos poucos, a rede ferroviária paulista constituiu-se num intrincado emaranhado de linhas, construídas de acordo com as necessidades imediatas, "a feição e na medida das conveniências e aspirações das localidades imediatamente interessadas e na proporção dos seus meios de ação", para relembrar a expressiva frase do engenheiro Adolfo Pinto. Dos doze ramais da Mogiana, alguns não chegam a ter vinte quilômetros, enquanto que o mais extenso não chega a cem. A grande maioria fica na base de quarenta ou cinqüenta quilômetros. Verdadeiras estradas "cata-café" que iam, no seu imediatismo, servir aos interesses das fazendas de uma região que, na época, já se encontrava na vanguarda da produção cafeeira de São Paulo.
Extraído de "Café e Ferrovias", de Odilon Nogueira de Matos, Editora Alfa-Ômega, São Paulo, 2ª edição, 1974.
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